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Crônicas

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A Fila anda

O Metrô de Ipanema é internacional, é uma atração turística, basta entrar que você vai encontrar pessoas do mundo todo, obras de arte nas paredes, um pedregulho (oops! Escultura!) no corredor, mas senti falta dos artistas ou músicos espalhados pelos longos corredores, como no metrô de Londres, demonstrando um pouco de nossa arte e cultura para os transeuntes.
Mas o jeitinho brasileiro sempre resolve tudo. Estava me dirigindo ao guichê, para comprar minha passagem quando me deparei com outra atração brasileira, uma enorme fila, e parei atrás do mesmo homem que segui pelos corredores, não foi difícil saber, pois ele estava marcado com uma tatuagem borrada na nuca. Não demorou muito para que o homem visivelmente chateado por estar na fila, se dirigir a uma maquina de recarga automática, então voltei minha atenção para as pessoas que estavam na fila e reparei no jovem e belo casal europeu, muito feliz com aquele tom de vermelho conseguido na praia, também na família de argentinos, barulhenta, lotados de areia, provavelmente uma lembrança que estavam levando para Buenos Aires,  contando todas as moedas do bolso para comprar as passagens, e nas meninas de Recife , alegres com a chegada do carnaval e os gatinhos cariocas.
 Foi quando reparei que o homem tatuado estava discutindo com o guarda ao lado da tal maquina. Para o filme! ( Um homem chateado, querendo evitar uma fila). O bate-boca aumenta entre os dois. Para o Filme! (Pobre do guarda, nem de maquinas ele entende). O homem alterado  grita que não vai voltar pra fila. Para o Filme! ( Essa é a linha divisória, em quando uns deveriam admitir que “se deram mal” e voltar pro fim da fila, e outros que se julgam mais espertos e inteligentes que a maioria, e resolvem provar que estão certos). Sem sucesso com o guarda, ao notar que a fila estava maior do que quando ele saiu, começa a bater com a mão no guichê e gritar “Abram mais guichês, é por isso que estas coisas acontecem”. Para o Filme! (Nesta hora, ele esta procurando motivos e razões que justifiquem aquela atitude. Coitadas das meninas dentro do guichê, nada poderiam fazer). Então completamente inconformado ele vai andando lentamente em direção ao final da fila e gritava para todos “gente, gritem!, reclamem!, é por isso que estas coisas acontecem, vocês ficam calados, parecem bois indo para o matadouro”. Para o Filme! (Agora ele procura dividir a culpa de suas ações com as pessoas ao seu redor, já que a coragem para voltar atrás e assumir publicamente seu erro é algo que seu orgulho não suportaria). Recebo minha passagem, e vou em direção a plataforma pegar o metrô para meu destino, e percebo a situação, que aquela pessoa que estava a minha frente na fila, agora se encontrava no fim de uma fila muito maior do que quando chegou, aos gritos, incomodando a todos, ainda preso a parâmetros que ele julga certo pra sua vida. Já dentro do metrô fiquei pensando em algo que pudesse de alguma forma consolar aquele homem, e a única coisa que me veio à cabeça foi: tem gente que faz isso tudo que ele fez, mas com o próprio coração. E quem foi que disse que não há shows no metrô de Ipanema, e viva o jeitinho brasileiro!
A Fila anda Reviewed by Unknown on 2:44 AM Rating: 5

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